sexta-feira, 2 de novembro de 2012

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Escrevi esse texto após visitar o Lar dos deficientes físicos e mentais Vicente Morelli, em Bangu





Quando lá chegamos não tínhamos idéia do que iríamos encontrar. E o que vimos, o que sentimos, jamais esqueceremos, não há como descrever.

Nessa instituição, muitos irmãos lá se encontram internados, alguns abandonados pela família; mas todos com um ponto em comum: a total dependência.

Conhecemos o Robson, o Marcelo, o Tarcísio, o Tiago, o Leo, e muitos outros.

O trabalho é árduo, porque eles necessitam de quem lhes dê a alimentação, a medicação, o banho; quem lhes troque as fraldas, quem lhes faça carinho; quem lhes dê atenção...

Esses espíritos encarcerados em corpos defeituosos, não falam, não andam, não correm, mas sentem a dor do preconceito, do egoísmo, do descaso.


Sentem o carinho no toque das mãos.

Quanta felicidade naqueles rostinhos, quando passeávamos com eles em suas cadeiras de roda.

Em determinado instante o César nos disse:... "Nós não podemos sair daqui com a idéia de que somos melhores. Isso não existe...."

Fiquei realmente, encucada. O que ele queria dizer?

Eu pensava justamente o contrário. Estava mesmo me achando melhor, porque tenho uma mente sã, braços, pernas que me permite o deslocamento fácil, mãos para trabalhar, posso falar, posso ouvir, tenho uma casa, uma família...e tantas outras ferramentas que possibilita a construção de uma existência voltada para a evolução do espírito.

Mas, a frase não saia da minha cabeça, precisava compreendê-la.

E só mais tarde pude entender que  a beleza de que o César havia falado, era da beleza do espírito. A melhoria que ele se referia não era a exterior: a física; mas, sim, a interior: a espiriutal.

Alguns irmãos que ali se encontravam, pela consciência de sua  necessidade e com extrema coragem, plenamente resignados, poderiam ter pedido para habitar um corpo naquelas condições.

E aí, me senti envergonhada.

E quando cruzamos a porta tivemos a forte sensação, que neste pequeno ato, unimo-nos a Jesus num trabalho de amor, mais ainda tão insignificante, onde há tanto a fazer.

Fica a reflexão:

Como estamos usando as nossas mãos perfeitas? Para jogar pedras ou para acariciar?
Como estamos usando as nossas pernas? Que caminhos estamos percorrendo?
Como estamos usando a nossa língua? Para consolar ou maldizer?
O que estamos fazendo por nós mesmos?
O que estamos fazendo realmente pelos nossos irmãos necessitados?
Será que conseguiremos ficar felizes, na noite de Natal, com saúde, junto aos nossos familiares, mesa farta e presentes, quando tantos a nossa volta padecem de tantas necessidades?

Um comentário:

  1. Lúcia,
    Ainda não conheço esta instituição, mas pelo que você relatou, para quem não está preparo, deve ser um tremendo choque. Benditos são aqueles que não se acovardam e não se abatem com o que olhos do corpo vêem. Realmente é preciso ver além....ver a alma. O Cesar tem toda razão e, o texto para reflexão, deveria ser um exercício diário para todos nós. Bjs.

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