Escrevi esse texto após visitar o Lar dos deficientes físicos e mentais Vicente Morelli, em Bangu
Quando lá chegamos não tínhamos idéia do que iríamos encontrar. E o que vimos, o que sentimos, jamais esqueceremos, não há como descrever.
Nessa instituição, muitos irmãos lá se encontram internados, alguns abandonados pela família; mas todos com um ponto em comum: a total dependência.
Conhecemos o Robson, o Marcelo, o Tarcísio, o Tiago, o Leo, e muitos outros.
O trabalho é árduo, porque eles necessitam de quem lhes dê a alimentação, a medicação, o banho; quem lhes troque as fraldas, quem lhes faça carinho; quem lhes dê atenção...
Esses espíritos encarcerados em corpos defeituosos, não falam, não andam, não correm, mas sentem a dor do preconceito, do egoísmo, do descaso.
Sentem o carinho no toque das mãos.
Quanta felicidade naqueles rostinhos, quando passeávamos com eles em suas cadeiras de roda.
Em determinado instante o César nos disse:... "Nós não podemos sair daqui com a idéia de que somos melhores. Isso não existe...."
Fiquei realmente, encucada. O que ele queria dizer?
Eu pensava justamente o contrário. Estava mesmo me achando melhor, porque tenho uma mente sã, braços, pernas que me permite o deslocamento fácil, mãos para trabalhar, posso falar, posso ouvir, tenho uma casa, uma família...e tantas outras ferramentas que possibilita a construção de uma existência voltada para a evolução do espírito.
Mas, a frase não saia da minha cabeça, precisava compreendê-la.
E só mais tarde pude entender que a beleza de que o César havia falado, era da beleza do espírito. A melhoria que ele se referia não era a exterior: a física; mas, sim, a interior: a espiriutal.
Alguns irmãos que ali se encontravam, pela consciência de sua necessidade e com extrema coragem, plenamente resignados, poderiam ter pedido para habitar um corpo naquelas condições.
E aí, me senti envergonhada.
E quando cruzamos a porta tivemos a forte sensação, que neste pequeno ato, unimo-nos a Jesus num trabalho de amor, mais ainda tão insignificante, onde há tanto a fazer.
Fica a reflexão:
Como estamos usando as nossas mãos perfeitas? Para jogar pedras ou para acariciar?
Como estamos usando as nossas pernas? Que caminhos estamos percorrendo?
Como estamos usando a nossa língua? Para consolar ou maldizer?
O que estamos fazendo por nós mesmos?
O que estamos fazendo realmente pelos nossos irmãos necessitados?
Será que conseguiremos ficar felizes, na noite de Natal, com saúde, junto aos nossos familiares, mesa farta e presentes, quando tantos a nossa volta padecem de tantas necessidades?
Lúcia,
ResponderExcluirAinda não conheço esta instituição, mas pelo que você relatou, para quem não está preparo, deve ser um tremendo choque. Benditos são aqueles que não se acovardam e não se abatem com o que olhos do corpo vêem. Realmente é preciso ver além....ver a alma. O Cesar tem toda razão e, o texto para reflexão, deveria ser um exercício diário para todos nós. Bjs.